SE...
Se podes conservar o teu bom senso e a calma
Num mundo a delirar para quem o louco és tu;
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê; se vais faminto e nu,
Trilhando sem revolta um rumo solitário;
Se à turva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão;
Se podes dizer bem de quem te calunia;
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor);
Se podes esperar sem fatigar a esperança,
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho,
Fazer do pensamento um arco de aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho;
Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores;
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores;
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste;
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio, a construir de novo;
Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante;
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre;
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade;
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade;
Se quem conta contigo encontra mais que a conta;
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraia em séculos fecundos;
Então, oh ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos, os espaços,
Mas ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.
Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um homem!
Se podes conservar o teu bom senso e a calma
Num mundo a delirar para quem o louco és tu;
Se podes crer em ti com toda a força de alma
Quando ninguém te crê; se vais faminto e nu,
Trilhando sem revolta um rumo solitário;
Se à turva intolerância, à negra incompreensão,
Tu podes responder subindo o teu calvário
Com lágrimas de amor e bênçãos de perdão;
Se podes dizer bem de quem te calunia;
Se dás ternura em troca aos que te dão rancor
(Mas sem a afectação de um santo que oficia
Nem pretensões de sábio a dar lições de amor);
Se podes esperar sem fatigar a esperança,
Sonhar, mas conservar-te acima do teu sonho,
Fazer do pensamento um arco de aliança
Entre o clarão do inferno e a luz do céu risonho;
Se podes encarar com indiferença igual
O triunfo e a derrota, eternos impostores;
Se podes ver o bem oculto em todo o mal
E resignar sorrindo o amor dos teus amores;
Se podes resistir à raiva e à vergonha
De ver envenenar as frases que disseste
E que um velhaco emprega eivadas de peçonha
Com falsas intenções que tu jamais lhes deste;
Se podes ver por terra as obras que fizeste,
Vaiadas por malsins, desorientando o povo,
E sem dizeres palavra, e sem um termo agreste,
Voltares ao princípio, a construir de novo;
Se puderes obrigar o coração e os músculos
A renovar um esforço há muito vacilante,
Quando no teu corpo, já afogado em crepúsculos,
Só exista a vontade a comandar avante;
Se vivendo entre o povo és virtuoso e nobre;
Se vivendo entre os reis, conservas a humildade;
Se inimigo ou amigo, o poderoso e o pobre
São iguais para ti à luz da eternidade;
Se quem conta contigo encontra mais que a conta;
Se podes empregar os sessenta segundos
Do minuto que passa em obra de tal monta
Que o minuto se espraia em séculos fecundos;
Então, oh ser sublime, o mundo inteiro é teu!
Já dominaste os reis, os tempos, os espaços,
Mas ainda para além, um novo sol rompeu,
Abrindo o infinito ao rumo dos teus passos.
Pairando numa esfera acima deste plano,
Sem receares jamais que os erros te retomem,
Quando já nada houver em ti que seja humano,
Alegra-te, meu filho, então serás um homem!
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