quinta-feira, 10 de março de 2011

- €200; + 200km

Não entrei bem em 2011. Janeiro costuma ser um mês extraordinário para mim, mas este Janeiro começou mal e os maus ventos continuam. Foi em Janeiro que terminei a minha licenciatura, que comecei a namorar, que assinei o contrato de promessa de compra e venda da minha casa, que comecei a trabalhar… entre outras tantas coisas. Este ano Janeiro também me parecia um mês espectacular: ia entrar para o quadro, ia finalmente começar a tentar engravidar. A entrada para o quadro aconteceu mas não foi o acontecimento feliz que previa, bem pelo contrário. E engravidar parece cada vez uma coisa mais remota…
Não posso dizer que ganho muito pouco, não ganho o ordenado mínimo, nem posso dizer que me falta o dinheiro para pagar o essencial (habitação, alimentação, saúde,…), até porque ainda vai sobrando alguma coisa para umas despesas extraordinárias como a senhora que me ajuda com a limpeza, as unhas de gel ou um ou outro fim de semana fora. Mas nos últimos meses não sobrou nada, para ser franca gastei mesmo mais do que ganhei… e ainda não senti o corte de €200,00. E isto sem ter tido assim uma loucura fora do comum… tive algumas despesas que fugiram ao habitual como a substituição da fechadura do carro que me levou €313,00 mas, bem vistas as coisas, não há mês nenhum que não tenha despesas extraordinárias. Em Março será o baptizado do afilhado do Paulo (parece que já estou a ver os € que vamos gastar com roupa e sapatos para mim, mais a vela, a toalhinha, a conta do padre,…) e o fim de semana no final do mês que vamos passar a Alcoutim (a estadia foi paga com um voucher da Vida é Bela que ainda é presente de casamento, mas só em gasóleo e refeições será um dinheirão). Isto para dizer que se o dinheiro não chega agora, como chegará com o meu futuro vencimento de 3 algarismos e ainda para um bebé?
Mas há mais! O meu super marido também é funcionário público mas está com licença sem vencimento, a trabalhar por conta própria, para estar mais pertinho de mim. Por motivos de estabilidade, económicos e para não perder o vínculo à função pública (apesar de isto não ser sinónimo de rigorosamente nada), na esperança de se conseguir transferir para mais perto ou de nos conseguirmos transferir os dois para bem mais longe, decidiu voltar, o que deverá acontecer no início de Maio. E voltar significa ir viver para longe, significa estarmos separados de segunda a sexta, significa estar numa terra onde não tenho raízes, onde não tenho família, sozinha, significa sair às 17 do trabalho e ficar até à hora de me deitar completamente sozinha, significa ter de ir a consultas médicas sozinha, ao supermercado sozinha, a todo o lado sozinha. E, para ser franca, nos últimos anos tornei-me um ser absolutamente dependente… eu não sei viver sem ele, não quero viver sem ele. Se com ele, já me sinto tão sozinha… Ele é a minha única segurança, o meu porto de abrigo, o meu colo, o abraço para onde corro quando tudo o resto falha, e quando nada falha, e quando quero festejar uma vitória ou apenas preciso de mimo. Sei que não serei feliz assim, e sei-o porque já vivemos assim 1 ano e meio, e essa experiência levou-me a fazer 200km por dia de comboio para vir trabalhar. Nunca discutimos tanto como nessa fase e nessa fase nem sabíamos como era bom vivermos juntos, nunca me lembro de ser tão infeliz de segunda a sexta, passávamos a semana a contar os dias para o fim de semana. Foi também a minha fase menos produtiva no trabalho! Lembro-me de dizermos à quarta-feira “Já só falta um dia inteiro!”, lembro-me de ele me entrar em casa à sexta e de nos primeiros 10 minutos não o conseguir ver tal era a força e o tempo que demoravam os seus abraços, lembro-me de chorarmos os dois às 6 da manhã de segunda feira, de todas as segundas feiras daquele ano e meio, e de nos arrastarmos ao longo do dia. E agora? Desde Maio de 2006 não sabemos o que é viver separados e queremos mais do que qualquer outra coisa viver juntos, casámos em Abril para formalizar essa vontade, e teremos de viver a 2 horas de caminho por tempo indeterminado. Se me dissessem que era um sacrifício de 3 meses, de 6 meses, de 1 ano… eu organizava-me emocionalmente para viver assim durante esse tempo. Mas eu não sei até quando… E enquanto isso, desespero… desespero porque não quero viver o meu projecto de gravidez sozinha, porque não quero criar o meu bebé sozinha, porque não quero abdicar de ser feliz! E já abdiquei!

Sem comentários:

Enviar um comentário